Dados do Trabalho
Título
MANEJO DA EXPOSIÇAO DE IMPLANTE DE SILICONE MAMARIO UTILIZANDO PATCH DE PLASMA RICO EM FIBRINA: RELATO DE CASO
Resumo
Introdução: A exposição de implantes mamários de silicone é uma complicação significativa após procedimentos cirúrgicos estéticos ou reconstrutivos, com potenciais repercussões físicas, emocionais e estéticas. A etiologia inclui fatores como trauma local, infecção, falha na cicatrização e características do implante. Este relato de caso descreve complicações pós-mastopexia, com ênfase na exposição do implante mamário de silicone, abordando fatores de risco, apresentação clínica, opções de manejo e resultados clínicos, incluindo o uso inovador de patch de fibrina para preservar a integridade do tecido mamário.
Relato de Caso: Uma paciente de 32 anos, com história de mastopexia e implante mamário de silicone, desenvolveu seroma, fístula, infecção e extrusão do implante na mama direita. Após tentativas de manejo conservador sem sucesso, foi realizada fistulectomia e reconstrução com implante mamário associado a patch de fibrina para cobertura. A paciente apresentou melhora significativa com fechamento completo da ferida após tratamento.
Discussão: Complicações como a exposição de implantes mamários envolvem múltiplos fatores de risco e desafios no manejo clínico, podendo resultar em perda do implante e deformidades. O uso de patch de fibrina, especificamente fibrina rica em leucócitos e plaquetas, demonstrou eficácia na promoção da cicatrização e preservação do implante mamário, representando uma abordagem inovadora e promissora.
Conclusão: Este caso sublinha a importância da abordagem precoce e adequada da exposição de implantes mamários, destacando o patch de fibrina como uma alternativa viável e eficaz para o tratamento desta complicação desafiadora. São necessários mais estudos para validar sua eficácia e segurança a longo prazo.
Introdução
A exposição de implantes de silicone mamário é uma complicação grave e multifacetada que pode ocorrer após procedimentos cirúrgicos estéticos ou reconstrutivos. Essa condição pode resultar em sérias repercussões físicas, emocionais e estéticas para os pacientes, exigindo uma abordagem clínica e cirúrgica cuidadosa e muitas vezes complexa.
A etiologia das complicações cirúrgicas, incluindo a exposição do implante mamário, pode ser atribuída a uma variedade de fatores, incluindo trauma local, infecção, necrose tecidual, rejeição do corpo estranho, idade1, falha no processo de cicatrização e características do próprio implante, outros fatores de riscos independentes como obesidade, tabagismo ativo2-3. A compreensão dos mecanismos subjacentes a essa complicação é crucial para o desenvolvimento de estratégias preventivas e terapêuticas eficazes.
Neste relato de caso, abordaremos de forma sucinta as complicações de mamoplastias, dando ênfase à exposição de implantes mamários de silicone, incluindo fatores de risco, apresentação clínica, opções de manejo e resultados clínicos. Além disso, será discutido uma abordagem inovadora, enxerto de membrana de fibrina rica em leucócitos e plaquetas (PRF), para preservar a integridade do tecido mamário e evitar a perda do implante.
Objetivo
Investigar e relatar um caso de exposição de implante mamário tratado com patch de fibrina, destacando a eficácia e a segurança dessa abordagem inovadora no manejo dessa complicação cirúrgica.
Método
Relato de Caso: Paciente do sexo feminino, 32 anos, com histórico de mastopexia com implante mamário de silicone há aproximadamente 4 anos em outro serviço. Primeiro contato com nossa equipe com dois anos de protese de silicone, apresentava seroma na mama direita que evoluiu para fístula cutânea. Proposto fistulectomia e explicado possibilidade de explante mamário. Há cerca de 12 meses, foi atendida em outro serviço, onde a prótese da mama direita foi removida (figura 1). Evoluiu com significativa assimetria mamária e tecido cicatricial na mama direita (resquício da fístula antiga). Refere estar em acompanhamento psiquiátrico e psicológico, utilizando bupropiona 150 mg uma vez ao dia, Luvox 100 mg uma vez ao dia e Trazodona 50 mg um comprimido à noite.
Por volta de 7 meses atrás, em 10/11/2023, foi submetida a fistulectomia com remoção do tecido cicatricial e reconstrução mamária com colocação de implante mamário à direita para simetrização das mamas (figura 2). Na consulta de retorno após 21 dias de pós-operatório, a paciente apresentou deiscência de sutura e exposição da prótese (figura 3), sendo realizada sutura primária sob anestesia local. A paciente retornou na consulta com 28 dias de pós-operatório com nova deiscência associada à exposição da prótese, porém sem sinais inflamatórios. Foi realizado novo fechamento primário, no entanto, após 7 dias, houve nova deiscência e exposição da prótese. Após discussão com a paciente, foi tentada uma nova sutura combinada com enxerto de fibrina ( membrana de PRF após centrifugação de amostra de sangue da paciente), uma medida "heróica" para tentativa de salvar o implante de silicone. Foi realizado debridamento da ferida, aplicação de patch de fibrina (figura 4) para cobertura do implante, seguido de fechamento por planos, com antibioticoterapia prescrita conforme orientação do serviço de infectologia. A paciente retornou após dez e quinze dias do procedimento, apresentando mínima deiscência, aproximadamente 1 mm de extensão, sem exposição da prótese. Foi coletada cultura de fragmento de tecido e realizados exames laboratoriais, que não demonstraram leucocitose nem crescimento bacteriano. Prescrito creme com fator de crescimento, resultando em fechamento completo da ferida em fevereiro de 2024.
A paciente continua em acompanhamento com a equipe e está satisfeita com o resultado, sem antibioticoterapia há 4 meses. Retornou com três meses de pós operatório de ressìntese (figura 5), ferida cicatrizada. Atualmente, em junho de 2024, 5 meses após a ressíntese da ferida com patch de fibrina, mantém ferida totalmente cicatrizada sem sinais inflamatórios associados.
Resultado
Discussão: As complicações de cirurgias mamárias, incluindo uma das mais temidas que é a exposição e perda de implantes mamários, têm sido associadas a vários fatores. Estes incluem tabagismo, obesidade, idade avançada, história de radioterapia, trauma prévio na área da mama, infecção cirúrgica, mau posicionamento do implante e uso de implantes de grande volume. A abordagem da complicação de exposição do implante é desafiadora, pois pode resultar em perda do implante e deformidades mamárias significativas.
A exposição de implantes mamários pode se manifestar clinicamente como erosão cutânea, formação de ferida aberta, dor localizada, infecção e deformidade mamária. O manejo eficaz desse problema envolve uma abordagem multidisciplinar e individualizada. As opções terapêuticas incluem tratamento conservador com curativos locais, terapia antibiótica, desbridamento cirúrgico, remoção do implante, revisão cirúrgica e reconstrução mamária. A escolha da abordagem terapêutica depende da extensão da lesão, estado de saúde do paciente, presença de infecção e viabilidade tecidual. Segundo Nahabedian (2013) a deiscência incisional no contexto de um implante permanente pode ser recuperada se a etiologia for puramente mecânica e não infecciosa, isso quer dizer que a ressutura da lesão pode ser frutífera. Uma alternativa para exposição de implantes e reforçar tecidos finos na regiao da incisao é a matriz dérmica acelular.5
O uso de patch de fibrina como uma medida para cobrir próteses expostas representa uma abordagem inovadora e promissora no tratamento da exposição de implantes mamários. O uso de fibrina rica em leucócitos e plaquetas (PRF) para aceleração da cicatrização, já apresenta validação na literatura. Segundo Chignon-Sicard e colaboradores (2012), o uso de PRF no pós operatórios nas mãos mostrou uma melhora média de 5 dias na cicatrização em comparação com o tratamento padrão. Outro autor, Xiong (2019), mostrou que a fibrina rica em plaquetas e plasma rico em plaquetas aumentou a retenção tecidual, a qualidade e a vascularização da gordura enxertada, em relação ao grupo controle de enxerto de gordura tratados com solução salina normal.
O uso de plasma rico em plaquetas demonstrou aumentar significativamente a concentração de fatores de crescimento, incluindo PDGF-BB, TGF-β1, VEGF, e EGF, que são essenciais para a cicatrização de tecidos moles e duros, sem aumento na ativação plaquetária, indicando potencial terapêutico para acelerar a cicatrização de feridas.8
A fibrina, uma proteína natural envolvida no processo de coagulação, promove a cicatrização de feridas e oferece um substrato favorável para a regeneração tecidual. Vimos com esse relato que o patch de fibrina (PRF) pode ser eficaz na redução da exposição do implante, promovendo a cicatrização da ferida e preservando a integridade do tecido mamário adjacente.
Discussão
Discussão: As complicações de cirurgias mamárias, incluindo uma das mais temidas que é a exposição e perda de implantes mamários, têm sido associadas a vários fatores. Estes incluem tabagismo, obesidade, idade avançada, história de radioterapia, trauma prévio na área da mama, infecção cirúrgica, mau posicionamento do implante e uso de implantes de grande volume. A abordagem da complicação de exposição do implante é desafiadora, pois pode resultar em perda do implante e deformidades mamárias significativas.
A exposição de implantes mamários pode se manifestar clinicamente como erosão cutânea, formação de ferida aberta, dor localizada, infecção e deformidade mamária. O manejo eficaz desse problema envolve uma abordagem multidisciplinar e individualizada. As opções terapêuticas incluem tratamento conservador com curativos locais, terapia antibiótica, desbridamento cirúrgico, remoção do implante, revisão cirúrgica e reconstrução mamária. A escolha da abordagem terapêutica depende da extensão da lesão, estado de saúde do paciente, presença de infecção e viabilidade tecidual. Segundo Nahabedian (2013) a deiscência incisional no contexto de um implante permanente pode ser recuperada se a etiologia for puramente mecânica e não infecciosa, isso quer dizer que a ressutura da lesão pode ser frutífera. Uma alternativa para exposição de implantes e reforçar tecidos finos na regiao da incisao é a matriz dérmica acelular.5
O uso de patch de fibrina como uma medida para cobrir próteses expostas representa uma abordagem inovadora e promissora no tratamento da exposição de implantes mamários. O uso de fibrina rica em leucócitos e plaquetas (PRF) para aceleração da cicatrização, já apresenta validação na literatura. Segundo Chignon-Sicard e colaboradores (2012), o uso de PRF no pós operatórios nas mãos mostrou uma melhora média de 5 dias na cicatrização em comparação com o tratamento padrão. Outro autor, Xiong (2019), mostrou que a fibrina rica em plaquetas e plasma rico em plaquetas aumentou a retenção tecidual, a qualidade e a vascularização da gordura enxertada, em relação ao grupo controle de enxerto de gordura tratados com solução salina normal.
O uso de plasma rico em plaquetas demonstrou aumentar significativamente a concentração de fatores de crescimento, incluindo PDGF-BB, TGF-β1, VEGF, e EGF, que são essenciais para a cicatrização de tecidos moles e duros, sem aumento na ativação plaquetária, indicando potencial terapêutico para acelerar a cicatrização de feridas.8
A fibrina, uma proteína natural envolvida no processo de coagulação, promove a cicatrização de feridas e oferece um substrato favorável para a regeneração tecidual. Vimos com esse relato que o patch de fibrina (PRF) pode ser eficaz na redução da exposição do implante, promovendo a cicatrização da ferida e preservando a integridade do tecido mamário adjacente.
Conclusão
O caso descrito enfatiza a importância do manejo precoce e adequado da exposição de implantes mamários, visando preservar a integridade do tecido mamário e evitar complicações adicionais. A utilização de patch de fibrina como alternativa para cobertura de próteses expostas mostra-se uma opção viável e eficaz, oferecendo uma nova perspectiva no tratamento dessa complicação desafiadora. Mais estudos são necessários para avaliar a eficácia e segurança dessa abordagem em longo prazo.
Referências
1. Kim, MinjiBS 1,* ; Ali, Barkat MD 1,* ; Zhang, Kevin BA1 ; Vingan, Perri BS1 ; Boe, Lillian PhD 2 ; Ly, Catherine L. MD 1 ; Allen, Robert J Jr MD 1 ; Stern, Carrie S. MD 1 ; Matros, Evan MD, MPH, MMSc 1 ; Cordeiro, Peter G. MD, FACS 1 ; Mehrara, Babak MD 1 ; Nelson, Jonas A. MD, MPH 1 .A idade impacta os resultados clínicos e relatados pelos pacientes após a supervisão mamária pós-mastectomia. Cirurgia Plástica e Reconstrutiva
2. Girard, Paul MD, MSc 1 ; Berkane, Yanis MD, MSc 1 ; Laloze, Jérôme MD, PhD 4 ; Rousseau, Chloé 5 ; Lupon, Elise MD, MSc 6 ; Schutz, Sacha MD, PhD 7 ; Watier, Eric MD, PhD 1 ; Bertheuil, Nicolas MD, PhD 1,2,3 .Redução mamária pediculada superior: análise multivariada de fatores de risco de complicações e construção de uma classificação preditiva em 1.306 pacientes. Cirurgia Plástica e Reconstrutiva 153(5):p 1011-1019,
3. Handel N, Cordray T, Gutierrez J, Jensen JA. A long-term study of outcomes, complications, and patient satisfaction with breast implants. Plast Reconstr Surg. 2006 Mar;117(3):757-67; discussion 768-72.
4. Nahabedian MY. Minimizing incisional dehiscence following 2-stage prosthetic breast reconstruction in the setting of radiation therapy. Gland Surg. 2013 Aug;2(3):133-6.
5. Nahabedian MY, Spear SL. Acellular dermal matrix for secondary procedures following prosthetic breast reconstruction. Aesthet Surg J. 2011 Sep;31(7 Suppl):38S-50S. doi: 10.1177/1090820X11418093.
7. Epley, Barry LMD, DMD; Woodell, Jennifer E. Ph.D.; Higgins, Joel BS. Quantificação de plaquetas e análise de fator de crescimento de plasma rico em plaquetas: implicações para a cicatrização de feridas. Cirurgia Plástica e Reconstrutiva 114(6):p 1502-1508, novembro de 2004
Palavras Chave
Exposição de Implante; complicações pós cirúrgicas; PLASMA RICO EM FRIBRINA
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS - Distrito Federal - Brasil
Autores
CARLOS EDUARDO TEIXEIRA, THIAGO EBERHARD DUTRA, JULIANA CUNHA DA COSTA, DJEIFY ALEXANDRE PESSOA JUNIOR, PEDRO VICTOR GOMES OLIVEIRA, ADILSON BORGES FARRAPEIRA JUNIOR