Dados do Trabalho
Título
TRATAMENTO DE GIGANTOMASTIA COM DIFERENTES TECNICAS: UMA SERIE DE CASOS
Resumo
A macromastia causa dor, dermatite e impactos psicológicos em mulheres devido ao aumento excessivo das mamas. A mamoplastia redutora é eficaz para aliviar esses sintomas, melhorando a qualidade de vida e autoestima das pacientes. A escolha da técnica cirúrgica, como o pedículo superomedial, é crucial para resultados estéticos e funcionais satisfatórios
Introdução
A hipertrofia mamária é um aumento benigno das mamas causado pela hiperplasia do tecido mamário sensível aos hormônios e do tecido epitelial glandular. Embora o mecanismo exato desse crescimento excessivo seja desconhecido, supõe-se que uma resposta aumentada ao nível dos receptores possa desempenhar um papel, apesar dos níveis normais de hormônios séricos e do número de receptores hormonais. Quando severa, a hipertrofia mamária pode levar à gigantomastia, onde os seios podem pesar entre 13 e 23 kg. Esta condição afeta significativamente a vida da mulher, levando a desafios físicos, mentais e sociais, e reduzindo a qualidade de vida em geral. Os sintomas frequentemente incluem dor nas costas e no pescoço, dermatite, sulcos nos ombros, dor abdominal e torácica e má postura.
O principal objetivo dos procedimentos de redução mamária é aliviar esses sintomas e melhorar a qualidade de vida da paciente, tanto clinicamente quanto socialmente. No entanto, essas cirurgias acarretam várias complicações. Problemas comuns incluem hipopigmentação, necrose do complexo aréolo-mamilar (CAM) e redução ou perda completa da sensação no CAM.
As técnicas de enxerto de mamilo são frequentemente empregadas em casos de ptose mamária maciça que requerem um levantamento significativo do CAM (15-20 cm). Apesar de sua eficácia, os métodos tradicionais de enxerto de mamilo têm várias desvantagens, como a limitada aceitação do enxerto, hipopigmentação da aréola e perda de projeção e sensação do mamilo. Além disso, a amputação completa do tecido mamário localizado no polo inferior pode resultar em seios achatados e subprojetados, sem plenitude no polo superior após a cirurgia. Outras complicações comuns incluem perda de sensação no CAM (23%) e deiscência de ferida (16%).
Objetivo
O objetivo principal deste trabalho é relatar e analisar uma serie de casos clínicos de mamoplastia redutora em mulheres com gigantomastia,, realizados em um Hospital Universitário em Curitiba, Brasil com diferentes tecnicas.
Método
Foram selecionados três casos clínicos de pacientes do sexo feminino diagnosticadas com gigantomastia e que realizaram mamoplastia redutora no Hospital Universitário de Curitiba, Brasil. As pacientes foram escolhidas com base na severidade da gigantomastia e nos sintomas associados, como dor nas costas e no pescoço, dermatite, sulcos nos ombros, dor abdominal e torácica, e má postura.
Resultado
Uma paciente de 58 anos, com histórico de hipertensão e cirurgia prévia para correção de hérnia de hiato, além de um antecedente familiar de câncer de mama em uma tia materna aos 50 anos, apresentou-se com queixas de dor no sulco mamário, dor nas costas e episódios recorrentes de dermatite. No exame físico, suas mamas eram de grande volume, pendulares e simétricas, sem nódulos palpáveis, com um IMC adequado. As medidas revelaram distâncias de 26,5 cm da linha hemiclavicular ao complexo areolopapilar (CAP) na mama direita e 26 cm na mama esquerda, com 12 cm entre o CAP e o sulco inframamário em ambos os lados. A mamografia indicou uma classificação BIRADS 2, sugerindo alterações benignas.
Decidimos pela mamoplastia redutora utilizando a técnica do pedículo superomedial com cicatriz em T invertida, visando uma redução significativa do volume mamário e o reposicionamento estético do complexo areolopapilar. Durante a cirurgia, a paciente apresentou hipotensão, com pressão arterial média entre 55-60 mmHg, e uma leve alteração na coloração das aréolas, prontamente corrigida com solução salina morna e ajustes na pressão intraoperatória.
No pós-operatório, após uma evolução inicial satisfatória, surgiram complicações na segunda semana, com epidermólise nas aréolas e deiscência das incisões verticais superiores em ambos os lados. O tratamento consistiu em curativos semanais seguidos por curativos quinzenais, resultando em cicatrização por segunda intenção após 10 semanas, sem necessidade de intervenção cirúrgica adicional. A paciente relatou satisfação estética e funcional, com significativa melhora nos sintomas originais, e o exame anatomopatológico do tecido mamário removido não revelou evidências de lesões malignas ou hiperplasias associadas.
Caso 2: Paciente de 64 anos
Uma paciente de 64 anos foi encaminhada pelo serviço de neurocirurgia devido a dorsalgia crônica e hipertrofia mamária, com necessidade de redução mamária para alívio dos sintomas. Seu histórico médico incluía hipertensão, dislipidemia e uma história de amamentação, sem antecedentes familiares de câncer de mama. No exame físico, apresentava IMC 30, com mamas volumosas, sendo a esquerda ligeiramente maior, sem nódulos palpáveis. As medidas mostraram distâncias de 32 cm da fúrcula ao complexo areolopapilar na mama direita e 33 cm na esquerda, com 16 cm entre o CAP e o sulco inframamário em ambos os lados. A mamografia revelou classificação BIRADS 2.
Optou-se pela mamoplastia redutora utilizando a técnica do pedículo superomedial com cicatriz em T invertida, adequada para proporcionar significativa redução de volume e adequado reposicionamento do complexo areolopapilar. A cirurgia transcorreu sem intercorrências significativas, com a remoção de tecido mamário suficiente para atingir os objetivos estéticos e funcionais pretendidos.
Durante o período pós-operatório, a paciente recebeu curativos com micropor beige, trocados semanalmente ao longo de três semanas, sem complicações adicionais como deiscência de feridas ou outras intercorrências. A paciente evoluiu de forma satisfatória, relatando melhora nos sintomas originais e satisfação com o resultado estético alcançado.
Caso 3: Paciente de 20 anos
Uma jovem paciente de 20 anos apresentava mamas de grande volume, associadas a dor no sulco mamário, dorsalgia intensa e desconforto torácico e abdominal devido ao peso excessivo das mamas. Ela tinha histórico de depressão, sendo tratada com amitriptilina, e relatava limitações significativas em suas atividades diárias devido ao tamanho e peso das mamas. Com peso de 68 kg e altura de 1,50 m, suas mamas mostravam ptose mamária grave. As medidas revelaram distâncias de 38 cm da fúrcula ao complexo areolopapilar na mama direita e 39 cm na esquerda, com 19 cm e 20 cm entre o CAP e o sulco inframamário, respectivamente. A mamografia classificou como BIRADS 2.
A paciente foi submetida à mamoplastia redutora utilizando a técnica do pedículo superomedial com cicatriz em T invertida, escolhida para proporcionar uma redução volumétrica significativa e um reposicionamento adequado do complexo areolopapilar. A cirurgia transcorreu sem complicações, alcançando os objetivos planejados de redução de volume e melhora estética.
Durante o período pós-operatório imediato, a paciente apresentou sofrimento das aréolas, exigindo curativos diários para promover a cicatrização adequada. Apesar das complicações iniciais, a paciente apresentou melhora gradual das condições das aréolas e satisfação geral com os resultados estéticos e funcionais alcançados.
Discussão
A macromastia, ou hipertrofia mamária benigna, é uma condição que pode causar sintomas debilitantes para as pacientes, afetando-as tanto fisicamente quanto psicologicamente. Estes sintomas incluem dor crônica, dermatite, restrição do esforço respiratório, problemas de autoestima e limitações na participação em atividades cotidianas. A hipertrofia mamária é categorizada em diversos estudos conforme o volume de tecido mamário aumentado, variando de leve a grave, com volumes acima de 1000 g por mama sendo considerados graves.
A Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos recomenda a mamoplastia redutora como tratamento de primeira linha para pacientes pós-menarca com hipertrofia mamária, especialmente quando múltiplos sintomas estão presentes. Entre as técnicas cirúrgicas mais utilizadas estão o pedículo superomedial e o pedículo inferior. O pedículo superomedial é preferido por muitos cirurgiões devido à redução de erros, menor tempo cirúrgico e resultados melhorados, com taxas de complicações comparáveis às demais técnicas de pedículo.
Estudos demonstram que mais de 90% das pacientes adolescentes submetidas à mamoplastia redutora relatam satisfação pós-operatória. Além disso, há uma melhora significativa na qualidade de vida e na saúde mental das pacientes desde os estágios pré-operatórios até um mês após a cirurgia.
Na literatura revisada, tanto o pedículo superomedial quanto o pedículo inferior foram abordados com vantagens e desvantagens distintas. O pedículo inferior é valorizado por sua versatilidade em mamas de diferentes formas e tamanhos, preservando sensibilidade, contorno e pigmentação quando apropriadamente realizado. No entanto, estudos comparativos mostram que o pedículo superomedial pode oferecer um preenchimento superior e mitigar deslocamentos clássicos associados ao pedículo inferior, com taxas de complicações igualmente baixas.
O tecido mamário removido durante a mamoplastia redutora é frequentemente submetido à avaliação patológica para descartar lesões malignas ou hiperplasias associadas, proporcionando segurança adicional ao procedimento.
Conclusão
Em conclusão, a mamoplastia redutora não é apenas um procedimento estético, mas sim um tratamento reconhecido e recomendado para mulheres que sofrem com os impactos físicos e psicológicos da macromastia. A escolha cuidadosa da técnica cirúrgica e o manejo adequado no pós-operatório são fundamentais para otimizar os resultados e proporcionar às pacientes uma melhora substancial na qualidade de vida. É essencial que profissionais de saúde estejam bem informados sobre as opções disponíveis e as melhores práticas para garantir que cada paciente receba cuidados personalizados e alcançe os melhores resultados possíveis com segurança e eficácia.
Referências
Referencias bibliográficas
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Palavras Chave
Reconstrução de mama; Mastopexia. Lipoenxertia. Mamas
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
Hospital Universitário Evangélico Mackenzie - Paraná - Brasil
Autores
YELITZA PAOLA HERNANDEZ DIAZ, JULIANA VICENTE TECHENTIN , CAROLINA WELTER, MARCELUS NIGRO, LUIZ HENRIQUE AUERSWALD CALOMENO, JULIANE RIBEIRO MIALSKI