60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

RECONSTRUÇAO DE PERINEO COM RETALHO ANTEROLATERAL DA COXA - RELATO DE CASO

Resumo

RESUMO
INTRODUÇÃO: Descrito em 1984, o retalho anterolateral da coxa (ALT) é baseado nos vasos perfurantes da artéria circunflexa femoral lateral. É um retalho fasciocutâneo, localizado no terço médio da coxa anterior e lateral aos músculos reto femoral e vasto lateral. Ademais apresenta baixa morbidade, relacionada à área doadora, e tem a possibilidade de ser utilizado com diversas dimensões, logo torna-o muito versátil e uma opção à microcirurgia.

OBJETIVO: Descrever um relato de caso relevante que evidencie a versatilidade do retalho anterolateral da coxa (ALT) em paciente com complicações de uma gangrena de Fournier no serviço de Cirurgia Plástica do Instituto Dr. José Frota em Fortaleza CE.
CASO: F.J.P., 58 anos, sexo masculino, portador de Diabetes Mellitus com lesão extensa em região perineal e inguinal direita secundária à gangrena de Fournier.
Palavras-chave: Retalho anterolateral da coxa; gangrena de Fournier; reconstrução de períneo.

Introdução

INTRODUÇÃO
A Cirurgia Plástica tem um diversificado arsenal de retalhos utilizados em casos de defeitos e deformidades, como cobertura de superfícies articulares, vasos, tendões, ossos desperiostizados, objetivando restabelecer a função e restaurar a forma¹.
O períneo, por exemplo, é uma região anatômica complexa que pode ser acometida por tumores, traumas ou infecções como a gangrena de Fournier, levando a grandes defeitos e comprometimento funcional significativo.
Logo estes retalhos precisam ser adaptados na sua dimensão e na composição. Podem ser retalhos simples ou compostos, transferidos de uma parte do corpo para outra numa fase única, bem como ser modificado para atender um determinado defeito. O retalho anterolateral da coxa (ALT) tornou-se muito popular, por vantagens, como: pedículo longo e calibroso, pouca espessura, sensibilidade cutânea, possibilidade de ser confeccionado tipo flow through ou quimérico, cobertura e preenchimento tridimensional de cavidades (devido à sua maleabilidade), e mínima morbidade na área doadora¹.
Descrito primeiramente por Song et al, em 1984 o retalho anterolateral da coxa (ALT), baseia-se nas perfurantes da artéria circunflexa femoral lateral. Trata-se de um retalho fasciocutâneo, localizado no terço médio da coxa anterior e lateral ao músculo reto femoral e vasto lateral. Suas medidas podem se estender a 20x40cm, embora, sejam usados retalhos com dimensões menores e mais seguros². Além disso, é possível o fechamento primário da área doadora quando a largura é inferior a 9 cm. Defeitos maiores necessitam de enxertia de pele.
Tendo em vista a grande valia da utilização do retalho ALT, o presente relato objetivou apresentar sua versatilidade.

Objetivo

OBJETIVO: Descrever um relato de caso relevante que evidencie a versatilidade do retalho anterolateral da coxa (ALT) em paciente com complicações de uma gangrena de Fournier no serviço de Cirurgia Plástica do Instituto Dr. José Frota em Fortaleza CE.

Método

RELATO DE CASO

Resultado

CASO
F.J.P., 58 anos, sexo masculino, portador de Diabetes Mellitus, foi admitido na unidade de Cirurgia Plástica do Instituto Doutor José Frota (IJF) com lesão extensa em região perineal e inguinal direita secundária à gangrena de Fournier. A patologia de base foi tratada com desbridamento cirúrgico e antibióticoterapia por 3 meses, evoluiu com controle da infecção e posterior área de granulação. No IJF foi submetido à cirurgia para cobertura da porção superior com retalho anterolateral da coxa esquerda e da porção inferior com retalho aleatório da face medial da coxa, alcançando a cobertura dos testículos e do pênis que estavam expostas. No pós-operatório imediato evoluiu sem intercorrências e o retalho apresentava-se bem perfundido e sem sinais de isquemia. Apresentou, porém, por volta do sexto dia de evolução pequenas áreas de desvitalizadas do enxerto sendo prontamente submetido a desbridamento e iniciada a antibioticoterapia com Piperacilina-tazobacan, guiado por cultura. Evoluiu com boa cicatrização da lesão e ausência de sinais de infecção e possibilitou, posteriormente, a enxertia de pele parcial da área doadora, obtido das coxas direita e esquerda, para cobertura da região inguino-crural. O paciente evoluiu sem complicações e recebeu alta hospitalar no dia seguinte. Foi acompanhado ambulatorialmente e evoluiu com total cicatrização da lesão.

Discussão

DISCUSSÃO
O retalho anterolateral da coxa é bastante versátil, uma vez que pode se adequar a necessidade da área receptora. É considerado como o retalho ideal, em decorrência dos seguintes fatores: pedículo longo, vasos com bom diâmetro, disponibilidade de diversos tipos de tecidos cutâneos ou musculares com o mesmo pedículo, grande extensão de pele e baixa morbidade na área doadora ³.
Ademais, o ramo descendente da artéria circunflexa femoral é o grande responsável pela irrigação arterial da região anterolateral da coxa. E o sistema deste vaso é formado pela própria artéria circunflexa femoral lateral, por seus ramos ascendente, transverso e descendente, e ramos perfurantes cutâneos, musculares, fasciais e ósseos 4.
Em sua tese de doutorado, Ishida (2006) estudou 100 coxas de 50 cadáveres frescos e observou zero a quatro artérias perfurantes por coxa, todas dentro de um raio de 6 cm a partir do ponto médio entre a espinha ilíaca ântero superior e a borda súpero lateral da patela. Os vasos perfurantes tiveram trajeto musculocutâneo em 75,76% e septocutâneo em 24,24%. O pedículo apresentou comprimento médio de 11,31 ± 3,12cm. O diâmetro arterial foi de 2,21 ± 0,85mm e o diâmetro das veias, do mesmo local, foi de 2,66 ± 1,33mm e 2,1 ± 1,11mm. Por fim, destacou que a espessura média do subcutâneo era de 8,98 ± 6,25mm e a de pele de 1,6 ± 0,76mm.¹
As características do retalho nos permitiu realizar uma reconstrução complexa em uma região perineal com o uso do retalho com dimensão expandida e a vantagem de ser um retalho fasciocutâneo sem causar danos funcionais à área doadora.

Conclusão

CONCLUSÃO
O retalho anterolateral da coxa (ALT) pode ser realizado com segurança, independentemente do trajeto dos vasos perfurantes serem septocutâneos ou musculocutâneos. Além disso possui a área doadora ideal, em decorrência das características da anatomia vascular já destacada anteriormente. Por ser versátil e confiável o retalho ALT é uma ferramenta valiosa no arsenal reconstrutivo do cirurgião plástico. Portanto, o retalho ALT representa excelente opção para reconstrução de defeitos perineais extensos.

Referências

REFERÊNCIAS
1. Ishida L C. Estudo anatômico do retalho perfurante ântero-lateral da coxa; Anatomic study of the anterolateral thigh flap. Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina, 2006.
2. Pinheiro BS, Freitas FB, Olivan M, Soller PC, Castro MF. Retalho anterior da coxa estendido: uma variação do retalho ântero-lateral para a cobertura de grandes defeitos de partes moles.Rev. Bras. Cir. Plást. 2010;25(supl):1-102
3. Wei, Jain, Celik, Chen, et al, Lin C H. Have we found an ideal soft-tissue flap? An experience with 672 anterolateral thigh flaps.Plast Reconstr Surg. 2002;109:2219-2226; discussion 2227-2230.
4. Kawai K, Imanishi, N Nakajima H., Aiso S., Kakibuchi M., Hosokawa K. Vascular anatomy of the anterolateral thigh flap. Plast Reconstr Surg. 2004;114:1108-1117.
5. Gedebou T M, et al., Lin C H. Clinical experience of 1284 free anterolateral thigh flaps. Handchir Mikrochir Plast Chir. 2002;34:239-244.

Palavras Chave

retalho anterolateral da coxa; GANGRENA DE FOURNIER; reconstrução de períneo.

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

Instituto Doutor José Frota - Ceará - Brasil

Autores

HELBERT PEREIRA MATIAS, DOUGLAS RODRIGUES DE MACÊDO