60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

RECONSTRUÇAO DE PAREDE TORACICA APOS RESSECÇAO DE LEIOMIOSSARCOMA RECIDIVADO: UM RELATO DE CASO.

Resumo

Sarcomas são neoplasias extremamente raras na população adulta e apresentam, normalmente, grandes dimensões e altos índices de recidivas.
Por suas características únicas, a presença de equipes multidisciplinares tornam-se indispensáveis para o melhor planejamento terapêutico.
Nosso relato de caso demonstra a utilização de retalho unilobado (última abordagem) como proposta terapêutica para uma paciente com história patológica prévia de mastectomia radical com reconstrução utilizando expansor e posteriormente próstese por carcinoma ductal infiltrante em mama esquerda e quatro anos após o aparecimento de um leiomiossarcoma na topografia da radioterapia prévia com reconstrução utilizando retalho de músculo grande dorsal.

Introdução

Sarcoma de partes moles são originados embriologicamente do mesoderma, sendo um grupo heterogêneo de tumores que representam menos de 1% das neoplasias em adultos. São poucos os fatores de risco já individualizados para o desenvolvimento do leiomiossarcoma especificamente, porém radioterapia prévia mostrou grande correlação nos casos reportados, além de correlações com síndromes genéticas como Li-Fraumeni e retinoblastoma hereditário.
O Leiomiossarcoma, assim como seus outros subtipos apresenta elevado índice de recidiva local, assim com metástase nos primeiros cinco anos, tendo direta correlação com o status de comprometimento de margem em sua ressecção, assim como o tamanho do tumor. Naqueles maiores de 5 centímetros já é possível estimar uma chance de 50% de novos implantes dentro de cinco anos, sendo o sítio de ressecção o mais comum, seguido por pulmão e fígado.
Dadas as características peculiares dessa doença, torna-se grande desafio interdisciplinar para programação cirúrgica, assim como tratamentos oncológicos adjacentes.

Objetivo

O objetivo desse relato de caso é retratar a dificuldade terapêutica no tratamento dos sarcomas, em específico o leiomiossarcoma, cujo o alto índice de recidivas vai diminuindo exponencialmente os artifícios disponíveis para o cirurgião plástico encarregado da reconstrução. Nesse caso específico, foram utilizados sequencialmente expansor, retalho grande dorsal e, na última abordagem um unilobado do abdome em direção a parede torácica.

Método

O método utilizado foi o prontuário médico disponível no Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, anamnese, exame físico e exames de imagem, além de sessão multidisciplinar com a cirurgia plástica, torácica, oncológica e mastologia.

Resultado

O resultado foi favorável, paciente obteve margens livres segundo histopatológico. Manteve-se internada por 12 dias pós operatórios por condições sociais adversas e utilizado tal período para acompanhamento mais próximo da vitalidade do retalho. Após alta médica com aproximadamente 21 dias de cirurgia observou-se pequena deiscência cutânea que foi manejada com curativos tópicos e retornos semanais ao ambulatório.
Paciente seguirá em acompanhamento com cirurgia plástica e será avaliada a necessidade de radioterapia, quimioterapia ou associação adjuvante com a equipe de oncologia clínica.
Por ser em topografia mamária, após remissão de doença, podem ser elaboradas estratégias para melhoria estética regional.

Discussão

O leiomiossarcoma é uma neoplasia rara de difícil tratamento e alta recidiva. Responsável por gerar defeitos de grandes dimensões que se mostram como um desafio para os cirurgiões plásticos responsáveis pela reconstrução. A programação deve ser realizada em conjunto com equipes multidisciplinares, com cirurgiões plásticos, cirurgiões oncológicos, mastologistas, oncologistas, fisioterapeutas e psicólogos.
Os pacientes devem permanecer sobre vigilância por longos períodos de tempo, tendo em vista que recidivas são observadas mesmo após 5 anos do tratamento inicial.
O tratamento deve ser individualizado por localização, dimensão e performance status dos afetados por tal patologia. Sabemos que existem tratamento neoadjuvantes, assim como adjuvantes como a quimio e radioterapia, devendo ser considerados ao escolher o tipo de reconstrução.
O desafio do quadro apresentado se dá justamente por ser uma segunda recidiva, diminuindo consideravelmente as possibilidades terapêuticas disponíveis.

Conclusão

Concluímos que ter um bom conhecimento das técnicas reconstrutoras é fundamental para elaborar a proposta terapêutica de um paciente com neoplasia de partes moles como o sarcoma.
Ao selecionar as opções disponíveis devemos nos atentar à forma que a doença se comporta como as dimensões que tendem a tomar e os índices de recidiva para que, caso haja retorno da atividade da mesma, sejam possível realizar uma nova abordagem pensando na manutenção da funcionalidade e, se possível o menor prejuízo estético.

Referências

1. Weiss SW, Goldblum JR. Enzinger & Weiss's Soft Tissue Tumors. Mosby; St. Louis, MO: 2008.
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3. Hajdu SI, Shiu MH, Brennan MF. The role of the pathologist in the management of soft tissue sarcomas. World J Surg. 1988;12:326–31
4. Gustafson P, Willen H, Baldetorp B, Ferno M, Akerman M, Rydholm A. Soft tissue leiomyosarcoma. A population-based epidemiologic and prognostic study of 48 patients, including cellular DNA content. Cancer. 1992;70:114–9.
5. Miyajima K, Oda Y, Oshiro Y, et al. Clinicopathological prognostic factors in soft tissue leiomyosarcoma: a multivariate analysis. Histopathology. 2002;40:353–9
6. Reconstructive Surgery: Principles. Anatomy and technique by Stephen J. Mathes and Foad Nahai

Palavras Chave

Leiomiossarcoma; reconstrução; retalho

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

HOSPITAL FEDERAL DOS SERVIDORES DO ESTADO - RJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

JO?O GUILHERME NOVIS DE SOUZA AVELLAR, MARIA CAVALLIERI DINIZ, ISTTAYNER MARTINS MAGALHÃES, JOYCE DAI LANDI PAULINO, VINICIUS PAZ LORENZONI, ROGÉRIO AUGUSTO GOMES SILVEIRA