60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

RESGATE DE IMPLANTE MAMARIO APOS EXPOSIÇAO: RELATO DE DOIS CASOS NO SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS)

Resumo

Este artigo científico apresenta o relato de dois casos clínicos de resgate de implante mamários expostos no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), destacando as dificuldades orçamentárias e as soluções encontradas. A exposição de implante mamários pode ocorrer devido a complicações pós-cirúrgicas ou infecções, exigindo intervenções rápidas e eficazes para evitar complicações adicionais. Descrevemos as estratégias terapêuticas adotadas, os desafios enfrentados devido às limitações de recursos e os resultados obtidos

Introdução

Os implantes mamários, usados tanto para fins estéticos quanto reconstrutivos, estão sujeitos a riscos de exposição devido a fatores como infecção ou falhas no processo de cicatrização. Em caso de exposição de implante mamário a literatura sugere iniciar antibioticoterapia empírica e desbridamento da área afetada, irrigação com solução salina estéril e remover temporariamente a prótese. Considera-se a reinserção de novo implante cerca de 6 a 12 meses após a resolução do quadro.
Contudo o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil enfrenta diversas dificuldades, incluindo restrições orçamentárias que afetam a capacidade de resposta a complicações pós-cirúrgicas. Este artigo relata dois casos de resgate de implante mamários expostos, enfatizando os desafios e as estratégias adotadas no contexto de recursos limitados do SUS.

Objetivo

O objetivo deste trabalho é relatar e analisar dois casos clínicos de resgate de implantes mamários expostos tratados no Sistema Único de Saúde (SUS), destacando as estratégias terapêuticas adotadas, os desafios enfrentados devido às limitações de recursos e os resultados obtidos. Através desses relatos, buscamos evidenciar a complexidade do manejo de complicações pós-cirúrgicas em um contexto de restrições orçamentárias e explorar soluções alternativas para a preservação estética e funcional dos implantes mamários

Método

Caso 1: Exposição de Implante Mamário na Mastopexia secundária com troca de implante.
Paciente e Histórico clínico
• Idade/Sexo: 48 anos, feminino.
• Histórico Médico: Mastopexia com implante de 250 ml submuscular em 2014 evoluiu com ptose mamária grau 2 e efeito waterfall(FOTO 1), foi submetida a mastopexia secundária com troca de implante para volume de 275 ml, associado a ajuste de dimensões de loja. Não foi utilizado drenos.
• Evolução: Paciente evoluiu desde 9° DPO com seroma em mama direita e no 22º DPO apresentou drenagem espontânea do seroma em mama direita e exposição da prótese cerca de 2 cm.(FOTO 2) Realizada limpeza local, fechamento primário da pele e antibiótico. Mama esquerda sem alterações e bem cicatrizada.
• Retorno no 30º DPO – Mantendo drenagem de seroma e exposição de implante na mama direita, optado por nova tentativa de resgate de implante em ambiente de bloco cirúrgico sob anestesia local. Mama esquerda sem alterações e bem cicatrizada.
Desafios e Intervenção: As restrições orçamentárias do SUS limitaram o acesso imediato a nova abordagem em bloco cirúrgico com capacidade de anestesia maiores além de acesso a novo implante. A equipe médica optou por:
1. Antibioticoterapia Empírica: Início imediato de antibióticos.
2. Desbridamento Cirúrgico: Realização de desbridamentos de tecidos desvitalizado.
3. Lavagem da loja com solução estéril
4. Reavivadas bordas da ferida
5. Feito uma cobertura de tecido de granulação com músculo peitoral maior para cobertura do implante
(FOTO 3) e (FOTO 4)

Paciente manteve retornos regulares mantendo boa cicatrização, sem drenagem de secreção, ferida em bom aspecto e após seis semanas do tratamento paciente estava com cicatrização completa. A paciente recuperou-se sem complicações adicionais mantendo bom padrão estético. (FOTO 5)

Caso 2: Exposição de Implante Mamário em Cirurgia Reconstrutora

Paciente e Histórico clínico
• Idade/Sexo: 42 anos, feminino.
• Histórico Médico: Mamoplastia redutora realizada em clínica privada, há 24 anos, e em 2016 submetida a mastopexia com implante em outro serviço. Relata que no vigésimo dia de pós-operatório evoluiu com quadro de infecção de ferida operatória e exposição de implantes mamários, sendo realizado o explante bilateral e fechamento da ferida por segunda intenção. Paciente redirecionada ao SUS, no ano de 2023 com queixa retração do polo inferior de ambas as mamas.(FOTO 1)
• Paciente submetida a mastopexia terciária, com inclusão de implante subfascial de 235ml, sem uso de drenos. Procedimento sem intercorrências.
• Evolução: Paciente evoluiu no 15º DPO apresentou drenagem do seroma em mama direita e exposição de implante com abertura total da incisão horizontal cerca de 5 cm.(FOTO 2) Optado por regaste de implante: realizado limpeza local, reavivado bordas da ferida, desepidermizado pequena área inframamária, fechamento da área desepidemizada com loja em 3 planos, fechamento da pele e antibiótico.
• Mama esquerda sem alterações e bem cicatrizada.
• Retorno no 33º DPO – Manteve drenagem de seroma e nova exposição de implante na mama direita, optado por nova tentativa de resgate em ambiente de bloco cirúrgico sob anestesia local. Mama esquerda bem cicatrizada, sem alterações.
Desafios e Intervenção Devido à limitação de recursos no SUS, a abordagem incluiu:
1. Desbridamento e Limpeza da Loja: Irrigação da loja com soro estéril + desbridamento dos tecidos desvitalizados + verificada integridade do implante
2. Fechamento da loja: Utilização de retalho do músculo peitoral e tecido de granulação inframamário para cobertura temporária do implante exposto. Fechamento em 3 planos + fechamento da pele em pontos separados
3. Antibioticoterapia Empírica: Manteve antibiótico por 21 dias. (FOTO 3) e ( FOTO 4)

O pós-operatório imediato foi sem intercorrências significativas. A paciente foi acompanhada de perto durante o período de recuperação, e nenhum sinal de infecção ou complicação foi observado. Após três semanas, as suturas foram removidas, e a paciente estava satisfeita com o resultado estético. A ferida estava completamente cicatrizada, e a simetria das mamas foi preservada. (FOTO 5)

Resultado

Resultados

Os resultados obtidos nos dois casos relatados demonstram a viabilidade e a eficácia de abordagens adaptativas no resgate de implantes mamários expostos, mesmo diante das limitações de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). No primeiro caso, uma paciente de 48 anos, após mastopexia secundária, apresentou seroma e exposição do implante, sendo tratada com antibioticoterapia empírica, desbridamento cirúrgico e cobertura com tecido de granulação utilizando o músculo peitoral maior. Após seis semanas, a paciente mostrou cicatrização completa sem complicações adicionais. No segundo caso, uma paciente de 42 anos, após mastopexia terciária, também desenvolveu seroma e exposição do implante. O tratamento incluiu desbridamento, limpeza com soro estéril, uso de retalho do músculo peitoral e fechamento em três planos, seguido por antibioticoterapia prolongada. A paciente apresentou uma recuperação sem intercorrências significativas, com cicatrização completa em três semanas e resultados estéticos satisfatórios. Ambos os casos evidenciam a importância de intervenções rápidas e adaptativas para controlar infecções e preservar os implantes, mesmo em um contexto de restrições orçamentárias, ressaltando a capacidade dos profissionais de saúde de utilizar eficazmente os recursos disponíveis para obter resultados positivos

Discussão

A exposição de implantes mamários é uma complicação relativamente comum e temida. Fatores como infecção, necrose tecidual e falha na cicatrização da ferida podem contribuir para essa complicação. A rápida intervenção com antibioticoterapia adequada e desbridamento são cruciais para controlar a infecção e preservar os tecidos circundantes. A remoção temporária do implante pode ser necessária para permitir a resolução completa da infecção, seguida pela reinserção do implante após 6 meses. Além disso, estratégias preventivas, como técnicas cirúrgicas aprimoradas e cuidados pós-operatórios rigorosos, são essenciais para minimizar a incidência dos implantes mamários.
Os casos apresentados ilustram a complexidade do manejo dos implantes mamários expostos no contexto de limitações orçamentárias do SUS e a possibilidade de sucesso no regaste do implante. A falta de recursos avançados exigiu criatividade e utilização de técnicas alternativas para controlar infecções, promover a recuperação e preservou a estética da mama. A uso eficiente dos recursos disponíveis foi crucial para o sucesso dos tratamentos.

Conclusão

Apesar das restrições orçamentárias e das diretrizes da literatura, os casos demonstram que é possível realizar com sucesso o resgate dos implantes mamários mamárias expostos utilizando abordagens adaptativas. A prevenção de infecções e a reabilitação funcional continuam sendo prioritárias, com um acompanhamento contínuo essencial para garantir a eficácia do tratamento a longo prazo. Contudo se faz necessário mais estudos para melhor entender e aprimorar o manejo dessa complicação.

Referências

1. Milcheski, D. A., Nakamoto, H. A., & Ferreira, M. C. (2012). Reconstrução mamária com o uso de prótese: análise das complicações em 72 pacientes. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, 27(4), 613-617. doi:10.1590/S1983-51752012000400014
2. Andrades, P., Borba, A. M. A., & Hochman, B. (2010). Manejo das complicações em reconstrução mamária com expansores e implantes. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, 25(4), 692-700. doi:10.1590/S1983-51752010000400012
3. Daher, J. C. E., & Lima, L. O. S. (2016). Complicações em reconstrução mamária com implantes: revisão de 11 anos. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, 31(3), 368-374. doi:10.5935/2177-1235.2016RBCP0060
4. Ferreira, M. C., & Milcheski, D. A. (2014). Infecção em próteses mamárias: avaliação de condutas e resultados. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, 29(3), 361-366. doi:10.5935/2177-1235.2014RBCP0058
5. Baroudi R, Ferreira CA. Mastopexia associada à inclusão de prótese de silicone. Rev Bras Cir Plást. 2012;27(3):454-461.
6. Mendes FH, Malafaia O, Manso J. Complicações tardias da cirurgia de aumento mamário: avaliação de 47 pacientes submetidas a explante de implantes mamários de silicone. Rev Bras Cir Plást. 2011;26(2):228-233.

Palavras Chave

Resgate de Implante Mamário; Exposição de Implante

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

Hospital das Clinicas da Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

ISABELLA BRISA GONTIJO BUENO, ANA CELIA HOLLANDA CAVALCANTI GUIMARAES, PALOMA APARECIDA FREITAS DUARTE, ANDRE CARNEIRO ROCHA, GUSTAVO MOREIRA COSTA DE SOUZA