60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

BRAQUIOPLASTIAS POS-PERDA PONDERAL MACIÇA: POSICIONAMENTO DA CICATRIZ NAS SOMBRAS DO CORPO (INVISIBLE BRAQUIO)

Resumo

A braquioplastia, inicialmente descrita por correa e fernandez, em 19541, tornou-se uma técnica precisa para corrigir a lipodistrofia braquial, sobretudo em pacientes com perda ponderal significativa.
Ao longo dos anos, o estudo da anatomia da face interna dos braços e o aprimoramento das técnicas cirúrgicas, buscaram um contorno natural e cicatrizes simétricas. Porém, em alguns casos, os resultados são pouco satisfatórios, relacionados à ocorrência de cicatriz patológica, deformidades de contorno e edema persistente.
Sendo assim, uma grande preocupação quanto à dermolipectomia dos membros superiores consiste na cicatriz resultante. Uma cicatriz visível é o principal obstáculo para esta cirurgia A cicatriz tende à retração, o processo de cicatrização é lento, resultando muitas vezes em cicatrizes alargadas e aparentes, o que certamente limita alguns cirurgiões a indicar esta cirurgia.

Introdução

A braquioplastia, também conhecida como dermolipectomia braquial, é um procedimento cirúrgico utilizado para tratar o excesso de pele e gordura nos braços de pacientes que passaram por um emagrecimento significativo. Essa opção cirúrgica é complexa e requer a habilidade de um profissional qualificado. Antes de decidir realizar a cirurgia, é importante considerar os riscos e benefícios envolvidos2.
Um marco importante na história da braquioplastia ocorreu em 1981, quando Baroudi e Ferreira publicaram o artigo "Aesthetic surgery of the arms (brachioplasty) with dermolipectomy". Esse estudo desempenhou um papel fundamental na introdução e popularização da braquioplastia, apresentando uma técnica inovadora para remover pele e gordura da face interna dos braços. Desde então, cirurgiões renomados, como Lockwood, Aly e Gupta et al., têm contribuído ativamente para o desenvolvimento e aprimoramento dessa técnica. Suas pesquisas têm abordado diversos aspectos, como a compreensão aprofundada da anatomia dos braços, a classificação adequada da flacidez e a implementação de técnicas cirúrgicas refinadas3, 4.
A escolha da melhor abordagem de incisão na braquioplastia deve ser feita em conjunto entre o paciente e o cirurgião, levando em consideração as características individuais e as expectativas de resultados. É crucial discutir detalhadamente as opções e os possíveis resultados, bem como as cicatrizes resultantes, para que o paciente possa tomar uma decisão informada.
A preocupação com as cicatrizes resultantes é uma questão importante na dermolipectomia dos membros superiores. A presença de uma cicatriz visível é frequentemente considerada o principal obstáculo para a realização desse procedimento cirúrgico. O processo de cicatrização nessas áreas tende a ser mais lento, e a cicatriz pode apresentar retração, resultando em cicatrizes alargadas e aparentes. Esses fatores limitam a indicação da cirurgia por alguns cirurgiões, que preferem evitar cicatrizes visíveis nos braços dos pacientes4.
No entanto, é importante destacar que, ao longo dos anos, os avanços técnicos e tecnológicos têm contribuído para reduzir o impacto das cicatrizes na dermolipectomia dos membros superiores. Técnicas refinadas de sutura e cuidados pós-operatórios apropriados podem ajudar a minimizar o risco de cicatrizes indesejáveis. Além disso, existem abordagens complementares, como o uso de tratamentos a laser e terapias de cicatrização, que podem auxiliar na melhora da aparência das cicatrizes5.

Objetivo

O objetivo do estudo foi desenvolver um modelo para posicionamento ideal da incisão cirúrgica e com refinamentos técnicos dos autores.

Método

Primeiramente, demarca-se uma linha reta na face medial do braço, que fique o mais escondida possível quando os braços estiverem ao longo do corpo. Por meio de pinçamento bidigital (figura 1), com os braços em abdução de 90º e o cotovelo em flexão de 90º, são demarcadas as linha elípticas do fuso e que corresponderão ao excedente cutâneo que deverá ser ressecado sem trações exageradas. Estende-se desde a linha axilar anterior até 2cm acima do epicôndilo medial (figura 2). Junto à linha pré-pilosa axilar e paralela a ela, determina-se um fuso de pele perpendicular ao primeiro, para ressecção das orelhas de pele (figura 3). Após hemostasia rigorosa, realiza-se a suspensão do sistema fascial superficial através de plicatura da fascia superficialis e síntese por planos (figura 4) . Essa demarcação determinará uma cicatriz em forma de “elipsoide”, acompanhando as sombras do braço, para resultar e uma cicatriz fina, imperceptível. (figura 5).

Resultado

A forma e a localização da incisão são primordiais, pois determinam a ocultação da cicatriz e a tensão da ferida, o que, por sua vez, pode levar à cicatrização patológica.
Na nossa abordagem, a incisão sinusoidal seguindo as sombras do corpo, são capazes de controlar o excesso de pele vertical com menor tensão nas margens do retalho cutâneo. No entanto, quando comparado com uma incisão linear, a resultante é uma ferida mais longa, com risco teórico de haver múltiplos pontos suscetíveis à retração assimétrica. Estes são compensados com retirada parcimoniosa seguindo a demarcação pré-operatória, bidigital adequada.
Em nossa técnica, a posição natural de repouso do braço é em adução, ocultando a cicatriz. Quando o braço é levantado em posição funcional, o antebraço está em pronação com rotação medial do braço. Nessa posição comum, a cicatriz parece mais inferior e, portanto, fica oculta nas vistas frontal, posterior e lateral, mesmo quando o paciente está gesticulando animadamente
Além disso, de acordo com a técnica dos autores, a ligeira curvatura anterior da extremidade distal do cicatriz, proximal e anterior ao epicôndilo medial, impede ainda mais sua visibilidade no dorso, e permanece imperceptível de frente.

Discussão

A Braquioplastia é uma técnica cirúrgica para tratamento das deformidades e excedente dermogorduroso dos braços, com que estende desde o cotovelo até o sulco axilar. As técnicas clássicas descritas deixam cicatrizes, em sua maior parte, visíveis ou ao paciente ou ao observador.
Buscando na literatura, encontramos Aly e colaboradores (2010), que comparou o posicionamento da cicatriz na face medial do braço com o posicionamento dentro do sulco bicipital. Os resultados mostraram que a colocação da cicatriz no sulco bicipital resultou em cicatrizes mais esteticamente aceitáveis e com menor taxa de complicações, quando comparada à colocação na face medial do braço5.
Em contrapartida, Centurión e colaboradores em 2016, apresentou uma técnica de braquioplastia com uma cicatriz vertical, para evitar cicatrizes extensas na face medial do braço, porém para casos com pouco excesso horizontal, o que muitas vezes não é a realidade dos serviços com superobesos, com perdas significativas6.
Visto isso, a realizamos modificações do posicionamento da cicatriz em braquioplastia em paciente pôs-perda ponderal maciça, com intuito de capaz de gerar um grau de satisfação pessoal, sem aumentar complicações.
O alargamento da cicatriz parece estar relacionado à tensão da sutura e ao peso do retalho. Acreditamos que a maior dificuldade é encontrar o equilíbrio entre o risco de tensão e a hipocorreção com resultados poucos expressivos. A dermolipectomia dos membros superiores pode resultar em desarmonia de contorno do braço, com ressecção excessiva de pele e subcutâneo na porção central do retalho e com excessos nas extremidades.
Nossa abordagem é corroborada com Rezende et al. (2016) que comparou a cicatriz na face medial do braço, com o posicionamento ao longo da margem lateral do braço. Os resultados demonstraram que a técnica com cicatriz lateral resultou em melhor contorno e menor incidência de complicações em relação à técnica com cicatriz na face medial7. Além de segundo Matarasso et al (2008), a colocação da cicatriz na face medial do braço resultou em maior incidência de complicações, como deiscência da ferida e seroma, em comparação com a colocação no sulco bicipital8.
Então com algumas modificações baseado na literatura, nossa abordagem impede a sua visibilidade no dorso, e permanece imperceptível de frente, com paciente em seu dia a dia.

Conclusão

A nova abordagem para braquioplastia é uma técnica inovadora, eficaz, confiável, estética e segura em casos de ptose braquial grave, contribuindo para um contorno corporal harmonioso e natural.

Referências

1. Correa Iturraspe M, Fernandez JC. Dermolipectomia braquial. Prensa Med Argent. 1954;41(34):2432-6

2. Regnault, P. Brachioplast, axilloplast, and pre-axilloplasty. Aesthetic Plast. Surg. 7: 31, 1983.

3. Samra S, Sawh-Martinez R, Liu YJ, Samra F, Persing JA. Optimal placement of brachioplasty scar: a survey evaluation. Plast Reconstr Surg 2010;126(suppl 4S):77 (abstract).

4. Baroudi, R., & Ferreira, C. A. (1981). Aesthetic surgery of the arms (brachioplasty) with dermolipectomy. Aesthetic Plastic Surgery, 5(1), 29-35.

5. Aly, A., Kadry, R., & Abdel Gawad, W. M. (2010). Brachioplasty: A Comparative Study of Placing the Scar within the Bicipital Groove versus Placing the Scar on the Medial Aspect of the Arm. Aesthetic Plastic Surgery, 34(6), 800-806.

6. Centurión, S., Arias, J., Lezcano, A., Benítez, S., & Wexler, P. (2016). Arm lift with vertical scar: Technique based on the anatomy of the arm and the axilla. Aesthetic Plastic Surgery, 40(3), 387-396.

7. Rezende, M. R., Fonseca, L. F., Kerkis, I., Gemperli, R., & Ferreira, L. M. (2016). Comparison of two different techniques for brachioplasty in post-bariatric surgery patients. Plastic and Reconstructive Surgery, 138(1), 77e-85e.

8. Matarasso, A., Abanishe, J., & Barr, J. (2008). Brachioplasty: A 10-Year Experience in 64 Patients. Plastic and Reconstructive Surgery, 121(6), 241–250.

Palavras Chave

braquioplastia; perda de peso; braço/cirurgia

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

HOSPITAL GERAL DE GOIANIA - Goiás - Brasil

Autores

WHAINE MORAIS ARANTES FILHO, RENAN MIRANDA SANTANA, JOAOZINEI FRANCISCO DA ROCHA, CAROLINA GABRIELA DE FARIA, YURI KOSSA BARBOSA, CARLOS GUSTAVO LEMOS NEVES