Dados do Trabalho
Título
ACURACIA DA ULTRASSONOGRAFIA DE PAREDE ABDOMINAL PRE-OPERATORIA PARA DETERMINAÇAO DA DIASTASE ABDOMINAL VERSUS EXAME FISICO.
Resumo
A diástase do músculo reto abdominal é uma condição comum caracterizada pelo afastamento dos músculos reto abdominais, frequentemente medido por ultrassonografia. Este estudo avaliou a precisão da ultrassonografia pré-operatória em 29 pacientes, comparando-a com exames físicos e medições intraoperatórias. Os resultados mostraram que em alguns casos o exame físico se aproximou mais das medições intraoperatórias do que a ultrassonografia, enquanto em outros a ultrassonografia foi mais precisa. Concluiu-se que, embora a ultrassonografia seja um método valioso e confiável para avaliar a diástase e outras condições da parede abdominal, o exame físico pode ser suficiente para o diagnóstico e tratamento da diástase abdominal.
Introdução
A diástase do músculo reto abdominal é uma condição relativamente comum, caracterizada pelo afastamento dos músculos reto abdominais devido ao alongamento e afinamento da linha alba 1,4,6,7,8,10 causando distanciamento dos músculos reto abdominais. Em mulheres nulíparas, a linha alba é considerada normal quando sua largura é inferior a 1,5 cm no nível xifoide, 2,2 cm a 3 cm acima do umbigo e 0,6 cm a 2 cm abaixo do umbigo7. Esta condição é clinicamente significativa quando o alargamento entre os músculos é superior a 2,2 a 2,3 cm, conforme identificado por medições ultrassonográficas, e está associada a efeitos adversos1, como dores lombares e na cintura pélvica, tanto em repouso quanto durante atividades físicas, sendo queixas frequentes entre mulheres com diástase2,4. A largura da diástase infraumbilical se associa com a força muscular da paciente3. Estudos demonstram que a ultrassonografia pré-operatória, medida em sete níveis da bainha anterior dos retos após inspiração profunda sustentada e expiração, apresenta boa acurácia4, embora mais casos devam ser avaliados para confirmação. No entanto, ainda não existe um critério diagnóstico específico universalmente aceito para a diástase10.
Objetivo
Avaliar a acurácia da ultrassonografia de parede abdominal pré-operatória em 29 pacientes do Serviço de Residência Médica Prof. Dr. Ricardo Baroudi para determinação da diástase abdominal em comparação com o exame físico realizado pelos médicos residentes e checado por um médico assistente.
Método
Foram avaliadas 29 pacientes entre 29 e 53 anos. A avaliação clínica foi realizada por seis médicos residentes, sempre supervisionada por um médico assistente. As avaliações incluíram exame físico e ultrassonografia pré-operatória da parede abdominal, as quais foram realizadas em local determinado pelas pacientes. No intraoperatório, todas as pacientes passaram por medições da distância entre as linhas albas, sendo realizado também registro fotográfico. Os dados foram tabelados para comparação entre as três medidas: exame físico, ultrassonografia e medições intraoperatórias. Nessa primeira fase, a comparação foi utilizando ultrassonografias realizadas em locais determinados pelas paciente. Na próxima fase do estudo, a ultrassonografia será realizada por um profissional designado pelo Serviço de Residência, comparando alturas específicas de diástase abdominal e seus achados intraoperatórios.
Resultado
Com base nas avaliações intraoperatórias dos 29 casos, chegamos nos seguintes dados: em 13 casos o exame físico se aproximou mais do resultado intraoperatório que a ultrassonografia; em 7 casos a ultrassonografia se aproximou mais do resultado que o exame físico e 9 casos tiveram resultados semelhantes ou inconclusivos.
Discussão
A diástase do músculo reto abdominal está associada a problemas cosméticos e funcionais, especialmente em mulheres pós-parto10, justificando correção cirúrgica quando há queixa.
Embora a imagem da parede abdominal seja considerada valiosa para quantificar a magnitude da diástase, determinar sua extensão precisa em relação a pontos de referência abdominais fixos, avaliar a presença de hérnias da parede abdominal coexistentes e examinar a integridade da parede abdominal em preparação para intervenções cirúrgicas5, os dados da literatura não fornecem evidências conclusivas da necessidade ou superioridade da ultrassonografia para diagnóstico de diástase2
Conclusão
A ultrassonografia é um método confiável para várias medições, embora possa apresentar limitações em termos de viabilidade clínica1. A imagem não é obrigatória para a abordagem da diástase5,6, mas a ultrassonografia continua sendo uma excelente opção para avaliar outros distúrbios da parede abdominal, como hematomas, hérnias, presença de tumores ou malformações9. Diversos estudos comparam o exame físico com a imagem, especialmente no período puerperal e nosso objetivo foi realizar uma análise semelhante no contexto de um Serviço de Residência Médica, comparando pacientes com diástase de diferentes etiologias. Concluímos que o tratamento da diástase pode ser indicado com base no exame físico, porém a ultrassonografia pode fornecer dados adicionais valiosos e, portanto, não deve ser descartada.
Referências
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Palavras Chave
Diástase Abdominal
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
Santa Casa de Campinas - Professor Doutor Ricardo Baroudi - São Paulo - Brasil
Autores
CAMILA CAMILOTI BRITTO LISBOA, RODRIGO PINTO GIMENEZ, FERNANDO GIOVANETTI MORANO, SILENY LOPES DA COSTA, PATRICIA VIRGINIA LEON CRUZ, MAIRA BIANQUIM TORREZAN