60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

LIPOENXERTIA PARA CORREÇAO DE ASSIMETRIA EM PECTUS EXCAVATUM

Resumo

O tórax em funil ou Pectus Excavatum é uma deformidade em forma de depressão anterior do tórax, que está associada a um desvio dorsal do esterno. Trata-se da deformidade mais comum da parede toráccica. Este trabalho relata o caso de um paciente masculino, branco e procedente do Rio de Janeiro, portador da patologia, que foi submetido a uma lipoenxertia em região esternal com o objetivo que promover um reparo estético da deformidade. O enxerto foi autólogo, lipoaspirado da região do abdome. O paciente apresentou uma rápida recuperação pós-operatória e um resultado satisfatório, com pouca reabsorção do enxerto.
As sessões de congressos pouco abordam sobre este tema, porém a técnica utilizada parece ser promissora para preencher principalmente uma depressão do tórax em funil sem grandes traumatismos ou cicatrizes cirúrgicas. A respeito dessa técnica, os efeitos deste procedimento são gratificantes tanto para cirurgião quanto para pacientes, oferecendo alto grau de satisfação. O método apresentou baixo risco cirúrgico, baixa morbidade e retorno rápido as atividades diárias.

Introdução

O Pectus Excavatum, ou tórax em funil, é a mais comum das deformidades da parede torácica. Trata-se de uma depressão anterior do tórax, simétrica ou assimétrica, associada a um desvio dorsal do esterno e da terceira à sétima costela ou cartilagem costocondral. A etiologia ainda é pouco conhecida e os resultados de estudos recentes permanecem inconsistentes. As hipóteses quanto à patogênese baseiam-se em fatores intrínsecos (metabolismo cartilaginoso) e/ou extrínsecos (distúrbio de desenvolvimento ósseo).
Geralmente é percebida na infância, tornando-se mais pronunciada no final desta e início da adolescência, principalmente na fase de crescimento acelerado. Regressões dificilmente ocorrem espontaneamente com exercícios ou modeladores externos. Homens são mais afetados na proporção de 5:1, sendo incomum em negros e latinos. O Pectos Excavatum é seis vezes mais freqüente que o Pectos Carinatum. Apesar dos avanços nos estudos, as indicações para reparo operatório do Pectus Excavatum permanecem controversas.
O tratamento pode ser não invasivo ou cirúrgico, dependendo do grau de limitação e/ou comprometimento de funções pulmonar e/ou cardíaca.

Objetivo

O objetivo deste trabalho é relatar e descrever a técnica de lipoenxertia autóloga em linha médio-esternal, tendo como objetivo a correção puramente estética da deformidade do Pectus Excavatum.

Método

O procedimento foi realizado em um paciente do sexo masculino, branco, de 45 anos, natural e procedente do município do Rio de Janeiro/RJ, com medidas antropométricas: 1,90m; 91Kg; IMC 25,20. (figura I - pré-operatório)
Foi utilizada gordura como enxerto, sendo obtida por meio de lipoaspiração da região de flanco direito, esquerdo e abdome, sob anestesia geral, com cânulas número 4 e 5, sendo o volume retirado 700ml, 750ml e 900ml, respectivamente.
Após a coleta, foi adicionada insulina NPH ao material e este preparado foi decantado antes de ser usado para o enxerto. Subsequentemente, foi realizada a enxertia de 380ml da preparação, na região referida, respeitando marcação prévia. (figura II - intra-operatório)

Resultado

Esta técnica proporciona resultado estético muito satisfatório na correção da assimetria da parede torácica, com rápida recuperação e baixo risco de morbidade pós operatória. Observou-se, até o momento, pouca absorção do enxerto de gordura e consequente manutenção do volume. (figura III - pós-operatório imediato)

Discussão

A transferência autóloga de tecido gorduroso parece ser uma técnica promissora para preencher, principalmente, depressões do tórax em funil sem grandes traumatismos ou cicatrizes cirúrgicas. As qualidades e características da gordura transplantada são bem conhecidas, graças à sua ampla aplicação na cirurgia estética para o tratamento do envelhecimento da pele e do tecido subcutâneo. No entanto, o comportamento da gordura transplantada, depende do seu tratamento técnico e das condições fisiológicas e anatômicas no local receptor. As sessões de congressos abordam experiências pessoais de lipoplastia estética do peito ou face, mas apenas alguns casos estão disponíveis para uso em Pectus Excavatum (PE). Alguns fracassos com esta técnica de avanço para correção de PE podem ser devido a experiência limitada até à presente data. Certamente, na maioria dos casos, os pacientes com PE, tipicamente longelíneos e jovens, apresentam uma escassa quantidade de gordura transferível e, portanto, a lipoenxertia, nestes casos, pode ter ser uso limitado. Essa técnica deve ser reservada para adultos com bom estado nutricional.

Conclusão

A respeito dessa técnica, os efeitos deste procedimento são gratificantes tanto para o cirurgião quanto para os pacientes, oferecendo alto grau de satisfação pós-operatória no que se refere à correção estética do Pectus Excavatum. O procedimento possui baixo risco cirúrgico, baixa morbidade e retorno rápido as atividades diárias, trazendo, dessa forma, maiores vantagens em relação a qualquer outro método cirúrgico estético.
A Marcação pré-operatória, individualizada, mostra-se de fundamental importância para obtenção de um bom resultado.
Como visto, uma vez que se apreende seus princípios e entende-se seus benefícios, este método torna-se de fácil execução e de excelentes resultados estéticos. Em relação a absorção do enxerto, sabe-se que na região esternal, o indice é maior que em outras áreas, porém, até o presente momento, este caso encontra-se com uma baixa taxa de absorção, mantendo um ótimo resultado. (figura IV - pós-operatório, figura V- tomografia computadorizada no pós-operatório).

Referências

1 -Brochhausen C, Turial S, Müller FK, Schmitt VH, Coerdt W, Wihlm JM, et al. Pectus excavatum: history, hypotheses and treatment options. Interact Cardiovasc Thorac Surg. 2012;14(6):801-6.
2 -Schwartzstein RM. Diseases of the chest wall. In: Basow DS, editor. UpToDate. Waltham, MA; 2012.
3 -Mayer OH. Pectus excavatum: Etiology and evaluation. In: Basow DS, editor. UpToDate. Waltham, MA; 2011.
4 -Fonkalsrud EW. Current management of pectus excavatum. World J Surg 27(5):502-8.
5 -Miller KA, Ostlie DJ, Wade K, Chaignaud B, Gittes GK et al. Minimally invasive repair for ‘redo’ correction of pectus Excavatum. J Pediatr Surg;37(7):1090-2.
6 -Moss RL, Albanese CT, Reynolds M. Major complications after minimally invasive repair of pectus Excavatum: case reports. J Pediatr Surg. 2001;36(1):155-8.

Palavras Chave

lipoenxertia; Pectus Excavatum; Lipoaspiração

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

Serviço de Cirurgia Plástica Professor Dr. Ronaldo Pontes - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

FERNANDO VOTRI, EDUARDO ROVARIS SARTORETTO, ARTHUR SCHWAB SANTOS, RUBEM BERNARDO BARTZ