Dados do Trabalho
Título
COXOPLASTIA EM S
Resumo
Introdução
A cirurgia bariátrica, uma estratégia eficaz para perda de peso, resulta em excesso de pele que afeta a qualidade de vida dos pacientes. A coxoplastia é um procedimento cirúrgico que remove o excesso de tecido dermogorduroso da região medial da coxa, melhorando a mobilidade, higiene e tratando irritações cutâneas.
Objetivo
Descrever a técnica cirúrgica da coxoplastia em S.
Método
A técnica envolve um "lifting" das coxas, retirando tecido em excesso de forma circunferencial e vertical. A marcação é realizada em cinco etapas, formando um “S” que distribui os vetores de tração, reduzindo a tensão na cicatriz. Lipoaspiração tumescente é realizada para facilitar o descolamento dos retalhos, seguidos da excisão e fechamento por planos.
Resultado
A coxoplastia em S reduz o risco de deiscência de pontos e alargamento da cicatriz, promovendo uma cicatriz menos perceptível. Não houve casos de necrose de pele ou deformidades perineais, e houve melhoria significativa da flacidez cutânea na região do joelho.
Discussão
A marcação em “S” permite a distribuição dos vetores de tensão em várias direções, reduzindo a chance de complicações. A técnica estabiliza o retalho sem necessidade de fixação profunda e trata eficazmente a flacidez e ptose de toda a coxa, incluindo a região medial do joelho.
Conclusão
A técnica é reprodutível, com resultados satisfatórios e cicatrizes com pouca tensão, evitando deiscências e cicatrizes alargadas, e trata eficazmente a flacidez da coxa e do joelho.
Introdução
O aumento do número de pacientes com obesidade no mundo levou à implementação de várias estratégias de perda de peso, sendo a cirurgia bariátrica uma das mais eficazes. Esta cirurgia resulta em perda massiva de peso, melhorando a sobrevida e revertendo comorbidades. No entanto, a perda de peso significativa também provoca excesso de pele em diversas regiões do corpo, causando impactos psicológicos e funcionais negativos, como dificuldades de vestimenta, higiene pessoal, lesões de pele e dificuldades em atividades físicas e sexuais.
A maioria das cirurgias de contorno corporal pós-bariátrica envolve a abdominoplastia, que já demonstrou grande impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes. A coxoplastia também é uma cirurgia de importância significativa¹. Este procedimento remove o excesso de tecido dermogorduroso da região medial da coxa, onde os tecidos são menos aderentes e a derme é mais fina que na região lateral. A coxoplastia promove a restauração anatômica, melhora a mobilidade, a higiene e ajuda a tratar irritações e infecções cutâneas recorrentes nos membros inferiores de pacientes com grande excesso de pele².
Descrita por Lewis em 1966, a coxoplastia medial inicialmente apresentou altas taxas de complicação, como migração da cicatriz, recidiva de ptose e deformidades genitais³. Em 1971, Pitanguy propôs ancorar o retalho anterior da coxa ao púbis ou à fáscia muscular para evitar a recorrência da ptose⁴. Lockwood, em 1988, suspendeu a derme do retalho cutâneo à fáscia de Colles, reduzindo complicações como deiscência das feridas, alargamento e migração da cicatriz e recidiva da ptose⁵. Desde então, outras técnicas foram introduzidas para corrigir a flacidez da pele, reduzir complicações pós-operatórias e melhorar os resultados estéticos.
A coxoplastia em S, proposta aqui, é adequada para qualquer grau de deformidade da região medial da coxa. Pode abranger toda a extensão ou apenas um segmento, proximal ou distal. Para classificar os graus de deformidade, utiliza-se a Escala de Classificação de Pittsburgh, que varia de zero a três, sendo zero uma coxa sem alterações, 1 alterações leves, 2 alterações moderadas e 3 alterações graves⁶. A coxoplastia em S evita deformidades perineais e deiscências de sutura, além de reduzir o alargamento da cicatriz devido à distribuição e dissipação dos vetores de tração ao longo das curvas.
Objetivo
Descrever a técnica cirúrgica da coxoplastia em “S”.
Método
Técnica cirúrgica
A técnica consiste no "lifting" das coxas, retirando tecido em excesso tanto no sentido circunferencial quanto no vertical. A marcação é realizada com a paciente de pé, em cinco etapas para a formação do “S” final:
1. Identifica-se o sulco infraglúteo e o sulco poplíteo, traçando a linha média entre eles para determinar os vértices cranial e caudal do “S”, seguida da linha médio femoral vertical até o joelho. FIGURA 1.
2. Inicia-se a marcação do “S” pela curva proximal posterior, em sentido côncavo, paralelo à prega inguinal, em direção ao vértice cranial e à linha médio femoral.
3. A curva distal posterior continua a curva proximal, passando pelo vértice caudal até a região medial do joelho, completando o “S” posterior.
4. Com a paciente de frente, realiza-se o “S” anterior, começando pela curva distal anterior, do joelho em direção cranial. O "pinch test" ajuda a marcar os retalhos tracionados e os tecidos em excesso que serão excisados entre os dois “S”. FIGURA 2.
5. Finaliza-se o “S” anterior com sua curva proximal próxima à prega inguinal, unindo-se ao “S” proximal posterior, completando a marcação.
Realiza-se lipoaspiração tumescente profunda nas áreas mediais da coxa para melhor descolamento dos retalhos no plano subcutâneo profundo, seguida da excisão dos tecidos previamente marcados. Após a hemostasia, o fechamento é realizado por planos, sem necessidade de fixação de pontos em planos profundos.
Resultado
A coxoplastia em S apresenta ótimos resultados estéticos devido ao risco reduzido de deiscência de pontos e alargamento da cicatriz, pois os vetores de tração são dissipados em várias direções, incluindo vetores oblíquos. A cicatriz em “S” se mostrou menos perceptível e melhor aceita pelos pacientes. Não houve casos de necrose de pele ou deformidades perineais, e obtivemos como efeito adicional o “lifting” do joelho, com melhora significativa da flacidez cutânea dessa região. FIGURA 3.
Discussão
A técnica da coxoplastia em S permite ao cirurgião plástico tratar a região medial da coxa conforme a deformidade apresentada por cada paciente. A marcação em “S” promove a ruptura da linha reta, reduzindo a tensão e, consequentemente, a chance de deiscência e alargamento da cicatriz. A técnica simula um movimento de torção da coxa, estabilizando o retalho sem necessidade de fixação profunda, evitando deformidades perineais. FIGURA 4.
A tração e deslocamento dos retalhos em “S” contemplam o tratamento do excesso de pele transversal e longitudinal de toda a extensão da coxa, promovendo um “lifting” da região medial do joelho e tratando a flacidez e ptose, que são os maiores desafios nas coxoplastias em deformidades grau três de Pittsburgh⁶.
Conclusão
A técnica apresentada é facilmente reprodutível, com resultados satisfatórios e cicatrizes com pouca tensão, evitando deiscências e cicatrizes alargadas. A abordagem da área medial do joelho alcançou o objetivo proposto de “lifting”, tratando a flacidez e ptose, que são grandes desafios.
Referências
1. Medial Thighplasty Improves Patient’s Quality of Life After Massive Weight Loss: a Prospective Multicentric Study Camille Mocquard1,2,3 · Isabelle Pluvy4 · Benoit Chaput5 · Maarten M. Hoogbergen6 · Eric Watier1 · Silvia Gandolf7 · Nicolas Bertheuil1,2,3
2. Bell D, Winters R. Thighplasty. 2023 Jul 17. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan–. PMID: 37603627.
3. Lewis JR Jr. Correction of ptosis of the thighs: the thigh lift. Plast Reconstr Surg. 1966;37:494–8.
4. Pitanguy I. Surgical reduction of the abdomen, thigh, and buttocks. Surg Clin North Am. 1971;51:479–89.
5. Lockwood TE. Fascial anchoring technique in medial thigh lifts. Plast Reconstr Surg. 1988;82:299–304.
6 . Song, Angela Y. M.D.; Jean, Raymond D. M.D.; Hurwitz, Dennis J. M.D.; Fernstrom, Madelyn H. Ph.D.; Scott, John A. M.S.; Rubin, J Peter M.D.. A Classification of Contour Deformities after Bariatric Weight Loss: The Pittsburgh Rating Scale. Plastic and Reconstructive Surgery 116(5):p 1535-1544, October 2005.
Palavras Chave
Coxoplastia pós-bariátrica; Coxoplastia em S; Cruroplastia
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
Hospital Felício Rocho - Minas Gerais - Brasil
Autores
ANA EM?LIA ALMEIDA CHAVES, GUSTAVO MOREIRA COSTA DE SOUZA, HAYLLA HARAMOTO, CONRADO REIS COSTA, LUCAS MARCIO CARVALHO PEREIRA, JUAN MANUEL SORIA VASQUEZ