Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

NEUROPATIA PERIFÉRICA SENSITIVA EM PACIENTE COM GOTA CUTÂNEA DISSEMINADA SOB USO CRÔNICO DE COLCHICINA

Introdução

Neuropatias periféricas são um grupo heterogêneo de distúrbios neurológicos, que podem se expressar secundariamente a doenças sistêmicas. Na Artrite Gotosa (AG), por exemplo, até 65% dos pacientes relatam sintomas motores ou sensitivos. Ainda que raro, o fármaco Colchicina – utilizado no tratamento agudo da Gota – também pode gerar um quadro de polineuropatia. No presente estudo, é relatado um caso particular dessa associação.

Objetivos

O objetivo deste trabalho é descrever um caso de neuropatia periférica em paciente com AG e uso crônico de Colchicina.

Descrição do Caso

Homem de 34 anos, hipertenso, com diagnóstico prévio de Gota cutânea disseminada, em uso crônico de Colchicina, referia astenia, calafrios, dor articular e edema de membros inferiores, há 2 semanas da admissão em nosso serviço. Relatou que 1 mês antes, em uma queda, sofrera acidente perfurocortante na região glútea direita, porém, percebeu o ferimento horas depois, sem dor na região. Negava ter consumido qualquer substância antes ou depois do ocorrido. Ao exame físico, apresentava volumosos tofos gotosos em articulações de mãos e pés, associados a sinais flogísticos e tofos subcutâneos em tronco e membros. Além disso, foi evidenciada, em glúteo direito, uma lesão incisa, exígua (3 cm), profunda (4 cm), em fase de cicatrização, com fundo limpo e bordas não cooptadas. Curiosamente, ao exame neurológico, o paciente não mostrou alterações da sensibilidade tátil, dolorosa ou proprioceptiva, mas expressou padrão de hiperreflexia global. Considerando a hipótese de neuropatia periférica sensitiva foi suspensa a Colchicina e iniciada terapia com antibiótico, anti-inflamatórios e Alopurinol. Foram realizadas ressonância magnética de crânio e transição crânio-cervical (sem anormalidades) e eletroneuromiografia dos 4 membros (que indicou polineuropatia sensitiva axonal, simétrica e distal, de grau moderado). Sete dias após a suspensão da colchicina, o paciente referiu melhora importante das queixas iniciais, melhora da sensibilidade e recebeu alta, com programação de acompanhamento ambulatorial.

Conclusões e Considerações Finais

Embora seja plausível relacionar a alteração de sensibilidade referida à extensão do quadro dermato-reumatológico, o sintoma cessou após a retirada da Colchicina. Em concordância, a toxicidade neurológica induzida por este fármaco, apesar de rara e grave, pode ser logo revertida com a suspensão do seu uso. Portanto, o caso relatado suscita a necessidade de um olhar clínico cuidadoso sobre a prescrição dessa droga.

Área

Tema Livre

Instituições

Departamento de Clínica Médica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) - Pernambuco - Brasil, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (FCM-UPE) - Pernambuco - Brasil

Autores

Arthur Gabriel Alves Furtado De Carvalho Noya, Joanna Thainã Santos Bertolino, Lucas Sued Calaça de Araújo, Betty Janny Maia Siqueira, Icaro César Soares de Menezes