Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Leptospirose com síndrome de Weil: Relato de caso

Introdução

Leptospirose é uma doença causada por bactérias do gênero Leptospira, que tem como hospedeiros intermediários diversos mamíferos, com destaque para roedores, como o Rattus norvegicus, cuja transmissão ocorre pelo contato com água contaminada pela urina desses animais. Tem quadro clínico inicial inespecífico com febre, cefaleia, anorexia, náuseas, vômitos e mialgia. A doença pode acometer diversos órgãos, como fígado, rins, músculos e pulmão. Dentre as diferentes apresentações, uma forma grave é a Síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, injúria renal aguda (IRA) e fenômenos hemorrágicos. Se não for tratada adequadamente, pode evoluir para óbito.

Objetivos

Expor um caso de Síndrome de Weil.

Descrição do Caso

Paciente, 54 anos, procura Unidade de Pronto Atendimento com quadro de mialgia, artralgia, hiporexia e cefaleia, ocorrido há 35 dias. Durante o internamento apresentou febre, lipotimia e queixa de dor retro-orbitária. Após isso, foi encaminhada a um hospital de referência com o diagnóstico a esclarecer. No momento do internamento apresentava-se ictérica (2+/4+), com extremidades frias, mas perfundidas, história de urina alaranjada e exposição recente a áreas alagadas com presença de ratos. Nos exames admissionais tiveram alterações na ureia, creatinina (com diurese preservada) e hepatograma, além de leucocitose e plaquetopenia. A paciente evoluiu com icterícia rubínica, tendo pico de bilirrubina total de 26,48 mg/dL, diminuição do nível de hemoglobina, elevação da creatinofosfoquinase, e piora do quadro infeccioso, dessa forma foram solicitados exames para hepatites B e C, dengue e leptospirose, sendo reagente para leptospirose (IgM+). Assim, foi confirmado o diagnóstico de leptospirose, que em conjunto com o quadro de IRA não-oligúrica, icterícia e plaquetopenia, sugere caso de Síndrome de Weil. A conduta adotada foi de administração de ceftriaxona 1g 12/12h durante 10 dias e infusão de 6 bolsas de plaquetas, junto com analgesia e hidratação. Após 14 dias de internação, a paciente apresentava melhora do estado geral, icterícia e função renal, recebendo alta para regime ambulatorial.

Conclusões e Considerações Finais

Esse caso corresponde a um quadro clássico de leptospirose que evoluiu para a Síndrome de Weil, que acomete 10-15% dos pacientes, com presença da tríade de sinais, mesmo que sem a frequente hemorragia pulmonar. A importância no rápido reconhecimento desta patologia é fundamental para o tratamento correto e evitar agravos.

Área

Tema Livre

Autores

Pedro Mafra de Andrade, Daniel Monteiro Constant, Ricardo Soares dos Santos, David Costa Buarque