Congresso Brasileiro de Agronomia - CBA 2021

Dados do Trabalho


Título

RISCO CLIMATICO PARA A CULTURA DA PITAYA EM SANTA CATARINA

Introdução

O cultivo da pitaya teve avanço em pesquisa na última década, quando despertou a atenção dos produtores brasileiros, principalmente devido a sua rusticidade e precocidade de produção. Originária da América, a cultura é baseada em quatro espécies (Hylocereus undatus, H. polyrhizus, H. setaceus e H. megalanthus), que diferem entre outros aspectos, quanto ao tipo de fruto produzido, sendo a pitaya vermelha de polpa branca (H. undatus) a mais cultivada no Brasil (SILVA, 2014).
No Brasil, existem pequenas áreas de produção de pitaya, situadas principalmente no Estado de São Paulo, localizadas na região de Catanduva. Devido à elevação do consumo de frutas exóticas e ao seu valor comercial, surgiu interesse por parte dos fruticultores no plantio e cultivo desta frutífera. Na região Sudeste, a produção dos frutos ocorre durante os meses de dezembro a maio. A produtividade média anual é de 14 toneladas de fruto/ha (Bastos et al., 2006). Em Santa Catarina, o Sul do Estado é a maior região produtora com período de colheita entre dezembro e maio. Além do valor nutricional e funcional de seus frutos, algumas espécies apresentam potencial para ornamentação, o que agrega ainda mais valor ao cultivo desta cactácea (GOMES, 2014).
Segundo Mizrahi e Nerd (1999), as condições ideais são as temperaturas entre 14 e 26ºC, sombreamento de 40 a 60% e solos com pH entre 5,5 e 6,5. Para H. undatus, temperaturas abaixo de -2,5ºC e acima de 45ºC são limitantes, causando a morte das plantas. O desenvolvimento da espécie é melhor quando cultivadas em condições de temperaturas médias diurnas de 30ºC e noturnas de 20ºC (NOBEL, 2002 apud SILVA, 2014). A pitaya é considerada de dias longos. No hemisfério Sul, o florescimento se dá de novembro a abril.
Pitaya (H. undatus) é um cacto de clima tropical, resistente ao estresse hídrico e adaptado a temperaturas médias entre 21 e 29ºC. Em H. megalanthus os melhores resultados de cultivo foram obtidos em temperaturas entre 18 a 25ºC (ORTIZ-HERNÁNDEZ e CARRILLO-SALAZAR, 2012). Por outro lado, temperaturas abaixo de -1.3ºC danificam os clorênquimas das células de H. undatus (NOBEL e DE LA BARRERA, 2004).
De forma geral, os cactos apresentam danos ou injúrias quando submetidos a temperaturas inferiores a -2ºC e frequentemente morrem quando expostos a -4 ºC (TOHMSON, 2002 apud MERTEN, 2003). O objetivo deste trabalho foi analisar os riscos climáticos à cultura da pitaya em Santa Catarina, com base nas variáveis agroclimáticas indicadas pela literatura.

Resumo

O cultivo da pitaya é uma excelente opção para o produtor, bem como para o consumidor, devido ao alto preço pago pela fruta, aliado aos benefícios do seu consumo. Além do valor nutricional e funcional de seus frutos, algumas espécies apresentam potencial para ornamentação. A diversidade em microclimas existentes em Santa Catarina favorece o cultivo de diversas espécies, entre elas, as cactáceas. O objetivo deste trabalho foi analisar os riscos climáticos à cultura da pitaya em Santa Catarina, com base nas variáveis agroclimáticas indicadas pela literatura. Para delimitação de áreas e definição de classes de risco das variáveis agroclimatológicas, foi considerado o risco de ocorrência de temperatura mínima igual ou inferior a -2 ºC durante o ciclo da cultura com probabilidade de ocorrência acima de 20% e temperatura média anual igual ou inferior a 17 ºC. A cultura da pitaya tem possibilidade de cultivo no estado de Santa Catarina em áreas sem o risco de geadas acima de 20% de probabilidade.

Objetivos

O objetivo deste trabalho foi analisar os riscos climáticos à cultura da pitaya em Santa Catarina, com base nas variáveis agroclimáticas indicadas pela literatura.

Material e Método

Para delimitação de áreas e definição de classes de risco no processo de mapeamento das variáveis agroclimatológicas, foi analisado o fator de risco de ocorrência de geada durante o ciclo da cultura e temperatura média anual. A precipitação não foi considerada como risco climático, pois pelos dados de exigência hídrica pela cultura relatados em bibliografia, em Santa Catarina a climatologia mostra não haver restrição hídrica nos níveis exigidos pela cultura. Os parâmetros de risco foram obtidos por equações de estimativa em função de latitude, longitude e altitude: i. Temperatura média anual igual ou inferior a 17 ºC (MASSIGNAM e PANDOLFO, 2006); ii. Risco de Geada- temperatura mínima igual ou inferior a -2ºC (PANDOLFO et al., 2017) durante o ciclo da cultura, com probabilidade de ocorrência acima de 20%. O mapeamento foi realizado com resolução espacial de 90 m, utilizando a base no modelo digital de elevação (MDE) SRTM - Shuttle Radar Topography Mission (USGS, 2006) e processadas no software QGIS 10.6.

Resultados e discussão

O critério de temperatura média anual foi utilizado para definir em termos gerais o enquadramento das temperaturas disponíveis no estado de Santa Catarina dentro dos limites favoráveis de temperatura para desenvolvimento da espécie (Figura 1).



Figura 1. Temperatura média anual ≤ 17 ºC no estado de Santa Catarina.

Nas regiões Planalto Sul, Meio-Oeste e Planalto Norte Catarinense, localidades com cotas superiores a 900m apresentam limitações em relação à disponibilidade de temperatura. Essas regiões apresentam um clima temperado, com verão ameno. As chuvas são uniformemente distribuídas, sem estação seca e a temperatura média do mês mais quente não chega a 22ºC.
O mapa de temperatura mínima igual ou inferior a -2ºC para estimar a ocorrência de geada foi gerado decendialmente, de forma a indicar as regiões onde há possibilidade de cultivo da pitaya. Observa-se na Figura 2, que existe 20% ou mais de probabilidade de ocorrência de geadas moderadas entre os decêndios 18 a 22. Essas regiões devem ser caracterizadas como restritivas ao uso de espécies com baixa ou nenhuma tolerância à geada. Em localidades com altitudes superiores a 800 o risco de geada pode comprometer significativamente o cultivo. Nas regiões onde foram encontrados relatos de cultivo comercial (Oeste e Litoral Sul) não existe risco associado a geada.



Figura 2. Probabilidade de ocorrência de temperatura média das mínimas decendial igual ou inferior a -2ºC, risco acima de 20% (área azul), para o estado de Santa Catarina.

Conclusões/Considerações Finais

A cultura da pitaya tem possibilidade de cultivo no estado de Santa Catarina, devendo ser observadas e respeitadas as regiões que apresentam temperaturas favoráveis ao desenvolvimento da cultura evitando áreas com ocorrência de geada.

Referências Bibliográficas

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ORTIZ-HERNÁNDEZ, Y.D.; CARRILLO-SALAZAR, J.A. Pitahaya (Hylocereus spp.): a short review. Comunicata Scientiae, Teresina, v.3. n.4, p.220-237, 2012.
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Palavras Chave

Agrometeorologia, áreas potenciais, Hylocereus sp., zoneamento.

Arquivos

Área

Grupo I: Produção Agrícola (Vegetal)

Instituições

EPAGRI - Santa Catarina - Brasil

Autores

CRISTINA PANDOLFO, WILIAM DA SILVA RICCE, ANGELO MENDES MASSIGNAM, LUIZ FERNANDO NOVAES VIANNA